Um estudo recente trouxe à tona um novo ponto crítico no degelo das camadas de gelo da Antártida, destacando a subestimação do derretimento devido ao aquecimento dos oceanos. Pesquisadores do British Antarctic Survey descobriram que a intrusão de água do mar aquecida entre o gelo e o solo pode acelerar significativamente o derretimento, ameaçando elevar os níveis do mar globalmente.

O estudo, publicado na revista Nature Geoscience, revela que o aquecimento dos oceanos, impulsionado pelo aquecimento global, está causando um derretimento acelerado das camadas de gelo antárticas. Este fenômeno ocorre quando a água do mar mais quente se infiltra na zona de aterramento, onde o gelo encontra o solo, criando cavidades que permitem a entrada de mais água quente, intensificando o derretimento.

Os modelos climáticos atuais, incluindo os utilizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), não consideram este processo, o que pode explicar por que as previsões de perda de gelo têm sido subestimadas. A pesquisa sugere que mesmo pequenos aumentos na temperatura do oceano podem desencadear um derretimento descontrolado, levando a um aumento significativo no fluxo de gelo para o oceano.

Áreas específicas da Antártida, como o glaciar Pine Island, são particularmente vulneráveis devido à topografia que facilita a entrada de água do mar. A forma do terreno, com vales e cavidades, permite que a água se acumule sob o gelo, acelerando o processo de derretimento.

A inclusão deste novo entendimento nos modelos climáticos é crucial para prever com maior precisão o aumento do nível do mar e preparar as comunidades costeiras para os impactos futuros. A pesquisa enfatiza a necessidade urgente de ações climáticas para evitar que esses pontos críticos sejam ultrapassados, destacando a importância de reduzir as emissões de combustíveis fósseis e alcançar emissões líquidas zero até 2050.